"Não se enganem: a justiça será feita", disse Obama, que prometeu trabalhar em conjunto com o governo líbio para trazer os responsáveis à justiça.
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Em um discurso no jardim da Casa Branca, Obama homenageou o embaixador J. Christopher Stevens e seus três colegas, mortos em um ataque de manifestantes islamitas ao consulado americano na cidade, que estavam revoltados com as informações sobre o filme "A Inocência dos Muçulmanos".- Filme que provocou manifestações anti-EUA diz que 'o Islã é um câncer'
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"Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes este ataque ultrajante e chocante", afirmou o presidente democrata.
"Não se enganem, nós vamos trabalhar com o governo líbio para levar à justiça os assassinos que atacaram nosso povo", disse.
O filme que provocou a revolta dos islamitas foi realizado por um israelense-americano, que chama o islamismo de "câncer", e promovido pelo polêmico pastor evangélico da Flórida Terry Jones, famoso pelas posições contrárias ao islamismo.
O presidente lembrou que desde sua independência, "a América é um país que respeita todas as crenças".
"Rejeitamos qualquer tentativa de denegrir a fé religiosa de outros. Mas não há absolutamente justificativa nenhuma para este gênero de violência sem sentido, nenhuma", destacou.
O presidente dos EUA, Barack Obama, faz pronunciamento sobre a morte de diplomatas americanos na Líbia nesta quarta-feira (12) na Casa Branca (Foto: AP)
O diplomata americano J. Christopher Stevens
em 7 de junho (Foto: AFP)
O ataqueem 7 de junho (Foto: AFP)
As mortes coincidiram com o 11º aniversário dos ataques do 11 de Setembro, lembradas discretamente pelos americanos na terça.
O ataque ao consulado americano ocorreu na noite de terça.
Manifestantes armados cercaram o prédio, informaram fontes líbias.
Segundo o porta-voz da Alta Comissão de Segurança do Ministério do Interior, Abdelmonoem al-Horr, as forças de segurança tentaram controlar a situação quando foguetes RPG foram disparados a partir de uma propriedade próxima.
"Dezenas de manifestantes atacaram o consulado e incendiaram o prédio", disse Omar, um morador de Benghazi, que escutou tiros em torno do edifício.
Outra testemunha confirmou os disparos em torno do consulado e revelou que homens armados, incluindo militantes salafistas, bloquearam as ruas que dão acesso ao prédio.
Stevens teria morrido atingido em seu carro, quando tentava deixar o local.
Seguranças líbios também morreram ao defender o prédio, segundo o diplomata do país na ONU.
Fontes americanas afirmaram à rede CNN que o protesto contra o filme teria sido usado como pretexto e distração para os agressores.
Chamas tomam conta do consulado americano em Benghazi (Foto: Esam Al-Fetori/Reuters)
DesculpasO governo da Líbia pediu desculpas aos Estados Unidos pelas mortes.
"Estamos ao lado do governo americano em relação aos assassinos", disse Megaryef, que classificou o ataque de "covarde".
O ataque aconteceu na véspera da eleição do chefe de Governo do CGN, que terá como missão criar um exército e uma polícia profissionais.
O vice-premiê líbio, Mustafah Abu Shagur, denunciou o que chamou de "atos barbárie".
A Líbia enfrenta instabilidade política desde a revolta popular que, no ano passado, com apoio ocidental, derrubou e matou o ditador Muammar Kadhafi.
A cidade litorânea de Benghazi foi o foco da rebelião anti-Kadhafi
Protestos árabes
Protestos contra o filme ocorrem também em outros países muçulmanos.
Horas antes, no Cairo, milhares de manifestantes, a maioria salafistas, protestaram diante da embaixada dos Estados Unidos.
Os manifestantes arrancaram a bandeira dos Estados Unidos e em seu lugar colocaram uma imensa bandeira negra com a frase: "não há mais Deus que Deus e Maomé é o seu profeta".
Nesta quarta, a Irmandade Muçulmana, principal força política egípcia, convocou "protestos pacíficos" conra o filme para esta sexta-feira.
O movimento fundamentalista do Talibã prometeu mover uma "guerra" aos americanos no Afeganistão em decorrência do filme.
O governo do Irã criticou o filme e acusou o governo americano de silenciar diante do caso. A chancelaria iraniana não citou os incidentes violentos.
Ocidente condena
Outros países ocidentais também condenaram o ataque, a começar por França e Reino Unido, que lideraram a missão militar ocidental contra Kadhafi em 2011, assim como Alemanha, Itália e Canadá e organizações como a Otan e a União Europeia.
"A França pede às autoridades líbias que esclareçam esses crimes odiosos e inaceitáveis, identifiquem os responsáveis e os levem à justiça", declarou o presidente francês, François Hollande, ao condenar "firmemente o ataque".
A Itália também reagiu: "Nós condenamos com o máximo de firmeza este gesto atroz", declarou o chefe de Governo italiano, Mario Monti. Ele disse estar convencido de que as autoridades líbias "não pouparão esforços para impedir que o novo governo líbio seja refém" de forças opostas à democracia.
Em visita ao Cairo, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, condenou "o ataque brutal e sem sentido ao Consulado Geral dos Estados Unidos em Benghazi".
"Esse tipo de ataque não levará a nada", acrescentou Hague. "Esses diplomatas não servem apenas ao seu próprio país, os Estados Unidos, mas também ao povo líbio. Eles trabalharam pela paz e pela estabilidade na Líbia".
Já o Vaticano condenou as ofensas injustificáveis e as provocações contra os muçulmanos, considerando a qualquer violência inaceitável, em clara referência ao atentado na Líbia depois da apresentação do filme.
O porta-voz do Vaticano, Francisco Lombardi, lamentou, em um comunicado, "os resultados trágicos" provocados por essas ofensas, e condenou "uma violência completamente inaceitável" depois do assassinato do embaixador americano em um atentado em Benghazi.
"O respeito profundo pelas crenças, pelos textos, pelos grandes personagens e os símbolos de diversas religiões é uma condição essencial para a coexistência pacífica dos povos", afirmou Lombardi, lamentando "as consequências gravíssimas das ofensas injustificáveis e provocações à sensibilidade dos fiéis muçulmanos".
Maomé caricato
O filme, com o título "Innocence of Muslims" ("A inocência dos muçulmanos"), foi realizado pelo americano-israelense Sam Bacile. Cenas já divulgadas mostram o profeta Maomé como uma figura caricata.
Depois da manifestação no Cairo na terça-feira, Bacile declarou ao "Wall Street Journal" que o Islã "é um câncer".
Campanha eleitoral nos EUA
Os ataques na Líbia e Egito tiveram repercussões na campanha eleitoral nos Estados Unidos, onde o candidato republicano à presidência, Mitt Romney, acusou o presidente Obama de simpatia pelo extremistas muçulmanos.
Civis líbios ajudam um homem que, segundo testemunhas, seria o diplomata americano J. Christopher Stevens, logo após o ataque em Benghazi; Stevens acabou morrendo (Foto: AFP)
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