sexta-feira, 26 de outubro de 2012

GUINÉ-BISSAU: AS LIGAÇÕES PERIGOSAS DE PANSAU INTCHAMA

Política
Perfil do Capitão
Guiné-Bissau: As ligações perigosas de Pansau Intchama
Bissau - «Eu sou um militar», disse Pansau Intchama (N’Tchama) à PNN durante uma conversa quando o militar guineense estava na Escola Prática de Infantaria em Mafra (Portugal) a tirar o Curso de Promoção a Capitão. «Tudo o que faço é porque tenho instruções dos meus superiores hierárquicos para o fazer», prosseguiu.
O nome de Pansau Intchama começou a circular quando foi associado ao suposto comando que executou o ex Presidente “Nino” Vieira em Março de 2009 logo após a execução do ex Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Tagme Na Waie. Pansau nunca confirmou a sua implicação, nem desmentiu.

Numa entrevista concedida a Fernando Casimiro em 2010 deixou levantar um pouco do véu que encobre o mistério da execução de Nino Vieira quando reconheceu que: «Se não fosse a minha pronta intervenção, o grupo de militares que aí estava teria violado a esposa do Presidente! Eu é que a tirei das mãos deles e disse-lhe para ir embora, ao que respondeu: obrigado nha fidjo. Obrigado meu filho.» Pansau afirmava também que estava disponível para deslocar-se a Bissau e responder a todas as questões sobre o assunto desde que os seus superiores hierárquicos o autorizassem para tal.

Pansau Intchama, 33 anos, casado, pai de um casal de gémeos, nunca escondeu que era um amigo próximo do ex Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) Zamora Induta, do qual foi assessor durante sete anos, mas também do actual CEMGFA, António Indjai, e do controverso Bubo Na Tchuto os quais estiveram presentes na cerimónia do seu casamento em Janeiro de 2010.

De etnia Balanta, Pansau Intchama, sempre minimizou o realce que é dado à predominância étnica balanta na Forças Armadas (FA) guineenses e sublinhava que os problemas das FA estavam assentes fundamentalmente na inexistente formação dos militares que provocava consequentemente situações de indisciplina. Em todas as ocasiões Pansau insistiu sempre que era fundamentalmente um militar.

Durante a sua permanência na Escola Prática de Infantaria em Mafra, Portugal, Pansau Intchama reconheceu que estava diariamente em contacto telefónico com António Indjai. Os dois mantinham conversas de carácter pessoal, particularmente sobre familiares de Indjai residentes em Portugal e com os quais Pansau estava em contacto permanente, mas também sobre questões referentes às FA guineenses e às reformas em curso. Pausau aproveitava também estas ocasiões para insistir num eventual entendimento entre António Indjai e Zamora Induta, situação que Indjai sempre recusou. Todavia, durante as mesmas conversas com Indjai, Pansau tratava também de assuntos seus de carácter familiar dado que receava que a sua prolongada permanência em Lisboa poderia fragilizar ainda mais a situação financeira da sua mulher e dos seus filhos em Bissau. Daí que era o actual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, que se ocupava e responsabilizava pessoalmente da família Pansau Intchama na Guiné-Bissau.

Após o final do curso de capitães na Escola Prática de Infantaria em Mafra em 2010, Pansau desapareceu do radar. Sem estatuto definido em Portugal, terá acabado por sair do país segundo depoimentos de pessoas que lhe são próximas. Até ao ataque ao quartel dos Pára-Comandos na madrugada do passado domingo, Pansau terá dividido o seu tempo entre Banjul e Luanda, cidades onde teria elementos de apoio que lhe permitiram a sobrevivência durante este período.

Pansau é agora um elemento em fuga e procurado pelas autoridades guineenses, que tentam esclarecer o seu real envolvimento no ataque às instalações militares de 21 de Outubro.
(c) PNN Portuguese News Network
2012-10-25 22:45:35

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